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10 de outubro
Dia Mundial da Dislexia
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Dia 10 de outubro “comemora-se” o
dia mundial da dislexia. Embora, eu insisto, ainda estejamos muitos
distantes de comemorar alguma coisa, até porque quem tem mais de quinze
anos fica por aí, a ver navios, hoje eu quero sim comemorar.
Mesmo que eu tenha passado por umas dez
psicopedagogas (palavra super fácil pra um disléxico escrever), e que
elas tenham me dado atividades condizentes com as minhas dificuldades e
com a minha idade, como por exemplo completar jogos da Galinha Pintadinha,
eu superei muita coisa. O post hoje é destinado aos DIS de todo país,
preferencialmente aos mais velhos, porque os mais novos têm um monte de
coisinhas coloridas e bonitinhas pra ajudá-los. Como o foco do meu blog é
o humor através das minhas próprias vivências, aí vão 10 Dicas safadas
para um disléxico:
1- COISEAR:
Sabe aquele momento tenso, em que tudo
que você não precisa lembrar você lembra, e uma única e maldita palavra
fundamental sai por aí vagando, pra bem longe de você? Pois bem: use
coisa. Coisa é coisa de Deus. Coisa é a solução. Coisa se adapta a tudo.
Na semana passada eu dei uma palestra, e cada vez que alguma coisa me
escapava, eu usava COISA! Que coisa, como as pessoas gostaram disso!
2- SE-PA-RE:
Eu tenho um problema enorme para
escrever in-crí-vel. Esta palavra maldita me dá desespero. Mas quando eu
penso nela assim, separada, fica bem mais fácil. Isso acontece com um
monte de outras palavras, como in-te-li-gen-te, de-li-cia, hor-rí-vel.
Aí, quando as pessoas lerem algo escrito por você com uma palavra
se-pa-ra-da, vão pensar que você é muito inteligente, e que escreve
assim pra dar ênfase em algo. Qualquer coisa use a licença poética.
3- LICENÇA POÉTICA:
Alguém que escrevia muito mal criou a
licença poética, uma forma de proteger qualquer escritor das críticas de
erros gráficos e de concordância. Por exemplo, ninguém mais acha feio
escrever Estória, ao invés de História. Dizem que tem diferença, mas
sabe Deus se existe mesmo. Logo, sinta-se um poeta contemporâneo, e use
seus direitos da licença poética.
4- PONHA VÍRGULAS NOS RESULTADOS MATEMÁTICOS:
Matemática é, de fato, o meu pesadelo
real. Putamerda, como eu me sinto mal tendo que lidar com números.
Quando o professor é foda e não me permite fazer algum trabalho
alternativo, e eu tenho que fazer cálculos, meus resultados sempre são
algo como 2323994,200023 porque se eu tentasse um número normal,
inevitavelmente pareceria que eu fiz um cálculo errado, mas com a
vírgula o professor ainda fica com um pouco mais de pena e pergunta
“Nossa, Alberto! Como você conseguiu chegar neste resultado?”. Aí é só
você colocar raiz quadrada, porcentagem, vezes, diminuir por três
vírgula catorze, e pronto: eles adoram…
5- DEMONSTRE SEU PAVOR:
Ei ei ei, não adianta nada fazer cara de
natureza morta, se por dentro você está mais desesperado que o padre
exorcista de Emilly Rose. Não rola. Não tenha vergonha de demonstrar
seu medo, porque todo mundo tem medo de alguma coisa, seja do escuro, ou
do fisco. Mostrar ter coragem, calma, paciencia, não faz de ninguém
melhor. Ao contrário, só esconde suas necessidades dos outros.